OPINIÃO
Do boleto à duplicata escritural: a nova era da confiança no crédito B2B

Quem vive o dia a dia do mercado B2B sabe: nada acontece à vista. As empresas vendem e compram com prazos de 30, 60, 90 dias — e é nesse intervalo que o crédito precisa ser seguro, transparente e viável. Sem confiança, o sistema para.
O Brasil sempre foi criativo para contornar as lacunas do crédito. Passamos pela era do boleto — uma invenção genuinamente brasileira — que, nos anos 1990, trouxe um pouco de ordem ao caos dos pagamentos. Depois, a nota fiscal eletrônica modernizou a forma de registrar transações. Mas esses instrumentos nunca foram suficientes para resolver o que realmente importa: dar segurança e previsibilidade para quem financia o ciclo de vendas.
No mundo real dos negócios, não adianta ter apenas um comprovante de pagamento ou uma nota fiscal. É preciso ter um título que traduza a operação em confiança — que diga, de forma inequívoca, o que é devido, por quem e quando. E é exatamente aí que entra a duplicata escritural.
Desde a regulamentação de 2018, ela vem se consolidando como o grande divisor de águas na bancarização dos recebíveis. É um documento único, rastreável e auditável, que substitui o papel e elimina as brechas que, por anos, alimentaram fraudes e inseguranças.
No modelo antigo, as duplicatas em papel circulavam de mão em mão, sujeitas a erros, extravios e falsificações. Hoje, a duplicata escritural dá ao mercado algo que ele sempre precisou: visibilidade. Cada título é registrado e autenticado, permitindo que bancos e financiadores saibam, com precisão, o que estão financiando.
Mas o ponto central não é apenas a segurança. É o impacto que isso traz para a economia real.
Em segmentos como varejo alimentício e construção civil, onde as margens são baixíssimas e o capital de giro é o que mantém o negócio respirando, o crédito não é um luxo — é uma necessidade vital. Uma duplicata registrada se torna um ativo real, que pode ser antecipado, financiado e negociado com confiança. E isso muda o jogo para quem precisa crescer em um cenário de alta competitividade.
Estamos vivendo uma transformação silenciosa, mas profunda. A duplicata escritural está redesenhando o crédito B2B brasileiro, abrindo espaço para operações mais seguras, rápidas e baratas.
Mais do que uma exigência regulatória, ela representa uma mudança de mentalidade: o crédito do futuro nasce dos dados.
E é essa combinação — tecnologia, transparência e rastreabilidade — que finalmente coloca o Brasil na vanguarda da digitalização financeira. Porque no fim do dia, o crédito só é sustentável quando é confiável. E a duplicata escritural é o primeiro passo sólido nessa direção.
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